O dia a dia de um indivíduo deprimido não é nada fácil. Coisas anteriormente simples se tornam muito difíceis como levantar da cama, sorrir, cuidar da higiene ou preparar-se para um novo dia de estudo ou trabalho. A dinâmica da vida, no geral, parece muito pesada. E é por isso que o apoio de amigos e familiares, além de um acompanhamento profissional, é tão importante.
A depressão provoca uma tendência a ruminação de pensamentos pessimistas , muitas vezes carregados de culpa e menos valia.
Quando lembramos de uma situação ruim que ocorreu no dia ou na vida, nós temos a vivência biológica e fisiológica daquele momento, o que dispara uma descarga de adrenalina e outros hormônios do estresse. Portanto, lembrar muitas vezes de algo estressante é fazer com que o cérebro reviva a todo momento toda a sensação corpórea que ocorreu naquele evento, e geralmente não estamos conscientes disso.
Uma pessoa deprimida tem ainda mais dificuldade de se desprender desses pensamentos ruminantes. A cada lembrança ruim que a invade, sua mente e corpo mergulham naquelas sensações e sentimentos, provocando angústia, ansiedade e sintomas físicos como taquicardia, dor no peito, sudorese, nó na garganta…Desse modo, o organismo vai perdendo energia e pulsando apenas em torno das sensações pesadas e negativas.
Nesse caso, o tratamento psiquiátrico com medicamentos antidepressivos é indispensável.
E porque é tão difícil esquecer o que é ruim?
Cabe dizer que existe explicação fisiológica e biológica do porquê nosso cérebro fixa memória negativa. É uma questão evolutiva, de sobrevivência.
Como fazer então?
É possível treinar a mente para que as lembranças negativas não sejam carregadas de tanta reatividade. Com a mente treinada, conseguimos ter consciência dos nossos atos e pensamentos e assim saímos do automático de simplesmente reagir, o que nos torna consequentemente menos autodestrutivos.
Tentar fingir que eles não existem é furada?
Estudos dizem que pessoas que passam o tempo todo tentando suprimir o pensamento são as que mais sofrem com a ruminação deles.
Então o que fazer?
Pensar racionalmente sobre eventos estressantes nos faz aprender a lidar melhor com eles, analisar aquilo que nos tira do sério nos faz pensar em meios de evitar esse estresse, caso uma situação futura nos leve a reagir de maneira agressiva ou desesperada.
Devemos manter conversas saudáveis e realmente produtivas com a própria consciência.
Mas se mesmo assim o pensamento ruim não me largar?
O pulo do gato é aceitar a eventual lembrança do evento ruim, mas logo voltar a sua mente para o presente, em outras palavras, seguir a vida, manter a atenção plena no que diz respeito a viver seu momento presente.
Fazer esse exercício de mindfulness é uma maneira de, aos poucos, neutralizar pensamentos negativos e aprender a vivenciar suas experiências, tanto as boas quanto as ruins, de forma produtiva.
Agradeço a presteza e atenção,
Thaise.